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Revolução dos Mucker e a chacina na família Becker.

  • Foto do escritor: Jonatha Husek
    Jonatha Husek
  • 29 de abr. de 2022
  • 5 min de leitura

Atualizado: 1 de mai. de 2022

Muitos dos descendentes, inclusive eu, do casal Theobad Becker e Henriqueta Becker, nascida Regner, desconhecem este episódio triste da história da família Becker, que ocorreu com a filha deste casal, Anna Maria Becker, que teve sua casa trancafiada e incendiada com sua família dentro, sobrevivendo somente um de seus filhos. Para compreender melhor o ocorrido é necessário conhecer os fatos históricos da época, os movimentos culturais e religiosos que transcreviam a história da colônia de São Leopoldo.


Lápide de Anna Maria Becker no cemitério Católico de Lomba Grande com o seguinte dizer “Ermortet und Verbrend durch die Muckerbande.” Tradução: Assassinada e Queimada pela gangue Mucker, podendo haver equívocos na tradução literal, lápide de pedra grés, talhada pelo filho sobrevivente.





QUEM FORAM OS MUCKER?




Mucker foi o nome dado ao movimento sociorreligioso messiânico que ocorreu na antiga colônia de São Leopoldo, mais precisamente no morro Ferrabraz, hoje município de Sapiranga, na segunda metade do século XIX, entre os anos de 1868 a 1874. Durante este período, um grupo de colonos alemães, imigrantes e descendentes da região e arredores, organizou-se pela influência do Casal João Jorge Maurer e Jacobina Maurer, com atividades sociorreligiosas como: interpretações da Bíblia, Cultos, práticas curativas de Jacobina e de seu marido, João Jorge Maurer.


Jacobina imigrante alemã, neta do também imigrante Johann Liborius Mentz, que chegou a São Leopoldo em 06 de novembro de 1824, com a esposa e 4 filhos, de profissão carpinteiro e lavrador, faleceu logo após a chegada no Brasil. Seu filho mais velho, André Mentz, casou com Maria Elisabeth Müller, cujo pai fora expulso da Saxônia, pois tentou fundar uma nova religião. O casal Mentz, participava ativamente na igreja, tinha sete filhos, sendo a mais nova deles, Jacobina Mentz Maurer, esta casou-se com João Jorge Maurer, e residiam Sapiranga, ele era curandeiro, enquanto curava os doentes com ervas medicinais, Jacobina oferecia “cura para o espírito" aos pacientes, interpretando a bíblia entre outras práticas. Neste período em que o casal exerceu suas atividades, o casal Maurer conquistou um número expressivo de simpatizantes e, com isso, efetivou suas práticas religioso-curativas, trazendo aos imigrantes e descendentes conforto espiritual e de saúde, em um contexto que o estado não disponibiliza aos povos locais. No entanto, o grupo ganhou a antipatia de parte significativa da população de São Leopoldo, em especial das elites políticas, econômicas e religiosas.


Muitas famílias passaram a acreditar fielmente em suas palavras e começaram a segui-la. Jacobina passou então, a proibir seus seguidores de irem aos cultos e/ou as missas. Numerosas famílias da região em conjunto com o clero, pavoroso com a perda de seus fiéis, que chegava a quase mil pessoas, começaram a criticar Jacobina e seus seguidores com fervor. Padres e pastores se uniram às famílias contrárias e se organizaram para desmoralizar o movimento.


Com isto iniciou-se então, uma perseguição ao grupo de Jacobina, gerando a partir daí várias repressões e ataques. Ameaçados, vários colonos “Mucker” se abrigaram na propriedade dos Maurer. Dali adiante os seguidores de Jacobina revidaram as ameaças e várias casas foram incendiadas pelas colônias, não se sabe até hoje, se todos esses incêndios poderiam ser atribuídos exclusivamente aos Mucker. A região de colonização alemã estava em conflito.



TRISTE EPISÓDIO COM FAMILIARES BECKER



Um dos piores casos foi com a família de Martinho Kassel (ou Cassel) e Anna Maria Kassel, nascida Becker, filha de Theobald Becker e Henriqueta Becker (nascida Regner), que inicialmente eram ligados aos Mucker, segundo o livro Os Mucker, do Padre Ambrósio Schupp S. J., Martinho era filho de pais evangélicos e que sua mulher e filhos eram católicos, a família Kassel, após ter deixado o movimento Mucker, passou a ser intimidada, os integrantes do movimento Mucker exigiam ao Martinho que retornar-se ao grupo sob pena de forte represália.


Diante da recusa, passaram a ser ameaçados pelos Mucker e, na noite de 14 de junho de 1874, com a família já recolhida ao leito, ouviram barulhos de cavalos nas proximidades da casa, com isto, no dia seguinte Martinho, aconselhado pelo amigo Bohrer, foi pedir ajuda ao inspetor de Quarteirão, que atendeu à solicitação, fazendo a ele um ofício que deveria entregar às autoridades em São Leopoldo. Mesmo sendo meio da tarde, Martinho acompanhado de seu cunhado Kich resolveu seguir para a cidade. Ao meio do caminho, junto à casa do cunhado, foi convencido a deixar a entrega do ofício para a manhã do dia seguinte. Durante esta noite, com a família já recolhida ao leito, os seguidores de Jacobina pregaram as portas e janelas da residência da família de Martinho e atearam fogo. Morreram a esposa Anna Maria, a sua enteada Luísa Lied, de 19 anos , os filhos de seu primeiro casamento Regina, de 8 anos e Pedro Arnoldo Kassel de 6 anos e o filho deste último casamento João Kassel de 4 anos, sobrevivendo somente o enteado Nicolaus Lied com 16 anos, que fora ferido a bala, mas, conseguiu fugir. Esta chacina destruiu com a família de Martinho Kassel. Os Mucker foram responsabilizados pelo crime, porém não havendo provas suficientes para esta acusação, porém há várias histórias sobre este e outros casos do episódio dos Mucker.



FAMÍLIA KASSEL (CASSEL)



MARTINHO KASSEL, n. em 1829 em Lomba Grande e f. em 1911, de profissão Carpinteiro;


Casou-se em segundas núpcias com ANNA MARIA BECKER, n. 12 de agosto de 1834 em São Leopoldo, f. 15 de junho de 1874 em Lomba Grande, filha do Imigrante Theobald Becker (n. 1814) e Henriqueta Regner (n. 1816) também imigrante. Anna era neta do Genearca Jacó Becker, o mais velho imigrante Becker.


Filhos de Martinho de seu primeiro casamento:

  • Regina Kassel, n. 1866 e f. 15 de junho de 1874 em Lomba Grande aos 8 anos;

  • Pedro Arnoldo Kassel, n. 1868 e f. 15 de junho de 1874 em Lomba Grande aos 6 anos;


Filhos de Anna Maria Becker e João Lied (Lüth):

  • Luísa Lied, n. 27 de junho de 1858 e f. 15 de junho de 1874 em Lomba Grande aos 19 anos;

  • Nicolau Lied, n. 03 de abril de 1858 e f. 22 de março de 1941 em Lomba Grande, Sobrevivente.


Filho do Casal Martinho Kassel e Anna Maria Becker:

  • João Kassel, n. 16 de dezembro de 1869 e f. 15 de junho de 1874 em Lomba Grande aos 4 anos;

Lapides dos filhos de Anna Maria Becker no cemitério Católico de Lomba Grande:




Lapides dos Pais de Anna Maria Becker no cemitério Católico de Lomba Grande:





Anna Maria Becker era irmã de minha Tetravó Catharina Becker Wolff, casada com Jacob Wolff, que segue a foto:





Fontes:


HUNSECHE, Carlos Henrique, e ASTOLFI, Maria. O Quadrienio 1827-1830 da imigração e colonização alemã no Rio Grande do Sul (Provincia de São Pedro). Porto Alegre: G&W Artes Graficas, 2004;

FAMILY SEARCH, acessado em: https://www.familysearch.org/pt/;

CHAVES, Ricardo. Massacre do movimento Mucker completa 144 anos, acessado em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/almanaque/noticia/2018/09/massacre-do-movimento-mucker-completa-144-anos-cjm123l2v032r01pxdvpu9hs1.html


 
 
 

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